Com suas frases clássicas e bem-humoradas, é assim que a equipe do METROPOLITANO RS presta homenagem ao querido amigo e idealizador Tutti Gregianin.
No último mês (15 de setembro), recebemos a triste notícia de sua partida. A notícia rapidamente se espalhou, provocando uma comoção coletiva no setor audiovisual — reflexo do quanto Tutti dedicou sua vida a construir pontes, cultivar amizades e insistir, com alegria e persistência, no sonho de levar o cinema e o audiovisual para outros patamares.
“Conheci o Tutti nas articulações da Lei Paulo Gustavo em Canoas. Eu era muito novo, muita gente não me levava a sério. O Tutti me ouviu, me deu voz. Sempre foi sonhador, mesmo velho ainda tinha muitos desejos e vontade de realizar. E tinha uma diplomacia que eu admiro até hoje.” — Alex Domingues, O Estranho Filmes
“O sonho da preservação da memória era a bandeira do Tutti. Tanto dos filmes, acervos e restaurações quanto da memória dos criadores. Ele acreditava profundamente nisso e nos deixou essa missão. No Festival de Canoas, vi o quanto era produtor de alma: de diretor artístico àquele que resolve o cafezinho quando falta alguém — ele fazia tudo acontecer.” — Christian Vaisz, Professor IFRS Campus Alvorada
Tutti foi um homem de muitas histórias. Desde menino, encenava peças improvisadas com os vizinhos em Canoas. Mais tarde, formado em Administração e Comunicação pela UFRGS, percorreu produtoras e emissoras de TV, trabalhando como assistente de direção. Seu curta Sargento Garcia, adaptação de um conto de Caio Fernando Abreu, recebeu o prêmio de melhor curta gaúcho em Gramado, foi eleito melhor filme latino-americano em Viña del Mar e percorreu 28 festivais pelo mundo.
Mais do que ser autor, Tutti buscava ser um promotor de encontros de projetos e de pessoas. Foi gestor da Casa das Artes Villa Mimosa, produtor do projeto Mesa de Cinema, assistente de grandes diretores, conselheiro do audiovisual em Canoas, parecerista e jurado de incontáveis festivais, além de diretor executivo do Festival de Cinema de Canoas.
Foi assim também no MET RS, projeto que ajudou a idealizar com entusiasmo e visão de futuro. Tutti acreditava que era possível reunir produtoras, instituições e profissionais em um ecossistema colaborativo, descentralizado e inclusivo. E acreditava porque ele mesmo era feito disso: encontros, sonhos e generosidade.
Rafa Ferretti, Gestor do MET RS, conta um pouco da sua amizade longínqua com o Tutti e como recebeu o legado do MET RS:
“Conheci o Tutti na faculdade, já decano da turma, elegante, sagaz e bem-humorado. Nossa amizade atravessou mais de 30 anos de projetos e reencontros. Ele fez de seu único curta O Sargento Garcia um desafio à hipocrisia da sociedade, ainda que adorasse figurar nas colunas, porque sua maior obra foi ser ponte: gestor, produtor, parceiro, conselheiro e, no fim, um dos idealizadores do Metropolitano RS. Trouxe gente junto, acreditou em mim e me deixou esse legado, conectar sonhos e buscar rir da vida. Gratidão pelo seu amor e generosidade.”
Quem conviveu com Tutti guarda lembranças únicas: suas mensagens engraçadas, perspicazes, cheias de ironia afetuosa; a famosa imagem da “fumacinha do Papa”, sempre que havia uma conquista a comemorar; a leveza com que retomava conversas mesmo depois de longos intervalos, como se o tempo nunca tivesse passado.
“A maior lembrança sempre será a alegria das suas mensagens pelo WhatsApp. Textos engraçados com humor e inteligência. Perspicaz e irônico. Cada vez que ele conseguia algo, mandava a imagem da ‘fumacinha do Papa’. Era o sinal de que vinha notícia boa.” — Alexandre Derlam, Prosa Filmes
“Tutti idealizava concentrar o acervo e memórias do cinema em um local de acesso público apoiado por estudos e pesquisas. Tinha a capacidade sensível de agregar profissionais e empresas em torno de objetivos comuns. E comemorava cada etapa com entusiasmo, sempre mandando a foto da fumaça branca: ‘habemus…’.” — Gisele Hiltl, NGM Produções
Eu tive uma experiência muito linda com ele no Uruguai no VentanaSur ano passado. Viajamos juntos, compartilhamos e confabulamos muitas coisas que ficam reticentes nesse plano. Eu sei que aonde ele estiver ele vai estar olhando pela arte. Eu vou continuar honrando esse legado. — Guilherme Suman, Suman Filmes.
O Festival de Cinema de Canoas deste ano foi inteiramente dedicado à memória de Tutti Gregianin. No dia 28 de setembro, a programação integrou a Mostra Memória Metropolitano RS – Ecossistema Audiovisual, com a exibição do curta Sargento Garcia, obra de Tutti, em uma ação simbólica do MET RS de preservar e celebrar sua trajetória. A homenagem culminou na Noite de Premiação, transmitida ao vivo pela TV Minuano, quando o Troféu Metropolitano passou a se chamar oficialmente Prêmio Tutti Gregianin de Melhor Curta de Canoas — um gesto de gratidão e continuidade a quem sempre acreditou na força dos encontros, da memória e do cinema.
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🎬  Confira o aftermovie da noite de celebração
Tutti Gregianin deixa um legado que vai além dos filmes, festivais e políticas culturais. Deixa a certeza de que o audiovisual se constrói com ética, humor, amizade e coragem de sonhar.
No MET RS, seguiremos honrando sua memória. E cada vez que celebrarmos uma conquista, veremos subir a fumaça branca que ele tanto gostava de anunciar: habemus cinema, habemus memória, habemus Tutti.
Fonte imagem: banco de dados do Festival de Cinema de Canoas




